CULINÁRIA TRADICIONAL KAINGANG É TEMA DE REPORTAGEM DA EMATER/RS-ASCAR

RECEITA “KRUNIN” FEIJÃO COM CARAGUATÁ

No início de abril (06/04), uma equipe de extensionistas rurais da Emater/RS-Ascar visitou a aldeia Oré Kupri, do povo Kaingang, localizada na fronteira entre Porto Alegre e Viamão, a 30 kms do centro da capital.  O objetivo foi filmar o quadro de “Receitas”, veiculado no canal do Rio Grande Rural, da Emater/RS-Ascar. A receita “Krunin” (feijão com caraguatá), comida típica do povo Kaingang, vai ao ar no dia 24 de abril, em alusão ao “Dia do Índio”, celebrado no dia 19.

O acesso é dificultado pela estrada de chão e falta de sinalizações, no entanto, o relativo isolamento do território contrasta com o acolhimento da comunidade e com o calor da fogueira, mantida por Teresinha Loureiro, indígena Kaingang, moradora da aldeia.

“Estou apresentando uma receita que meus avós faziam para nós. Essa receita faz parte da cultura dos Kaingang. Estou aqui para passar essa tradição para meus filhos e netos”, disse, emocionada, Teresinha. A transmissão das tradições é fundamental para manter viva a cultura Kaingang e de todos os outros povos indígenas.

Nesse sentido, a Emater/RS-Ascar também ajuda a promover eventos que valorizam a cultura dos povos indígenas, em que possam apresentar suas comidas típicas e seu artesanato, ao mesmo tempo em que possibilita a melhoria da geração de renda.

 

ALIMENTO E ARTESANATO

As casas na aldeia Oré Kupri são um misto de alvenaria e madeira, feitas com materiais de doação e construídas pela comunidade, onde moram 25 famílias, cujas rendas dependem de programas governamentais e da venda de artesanato e ervas coletadas. Períodos festivos, como da Páscoa, são popularmente conhecidos por “safra do artesanato”, quando centenas de famílias indígenas de diferentes regiões do RS ocupam as ruas do centro de Porto Alegre para vender seus produtos. Na capital gaúcha é possível encontrar indígenas das etnias Kaingang, Guarani, Charrua e Xokleng vendendo cestos, balaios, colares e brincos tradicionais, além de ervas como a Macela.

No território visitado pela equipe da Emater/RS-Ascar, cedido ao povo Kaingang em 2015, como compensação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) pela obra na BR-386, as famílias cultivam sementes, hortaliças e criam animais, como aves e suínos, para autoconsumo. O feijão, um dos principais alimentos típicos dos indígenas, bem como a moranga cabotiá, abóboras e frutas, entre outros, são produzidos na aldeia e fazem parte da cultura alimentar indígena.

A Emater/RS-Ascar cumpre um papel fundamental no auxílio a essas produções, desde a entrega de sementes até a Assistência Técnica para o plantio, cultivo, manejo e colheita. Além disso, a Instituição media o acesso das famílias a programas governamentais de inclusão e incentivo à produção familiar.

Recentemente, por meio desta parceria, famílias da aldeia Oré Kupri puderam comprar animais (como galinhas e uma vaca), sementes, material para artesanato e outros instrumentos necessários para a manutenção da produção. Além disso, sementes de hortaliças, milho e feijão foram entregues a famílias indígenas de todo o RS, através do projeto “Semeando nas aldeias”, realizado em 2021, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).

 

O DIA DO ÍNDIO

Marcos Kaingang, assessor jurídico da Regional Sul da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), destaca a existência de 305 povos indígenas e 274 línguas faladas. “Existem, resistem e lutam, inclusive, pela inexistência do 19 de abril, data criada por não-indígenas para simbolizar uma imposição cultural e dizer que um dia a gente existiu e que não existimos mais”, critica.

É no sentido de mostrar aos governos a existência e atividade dos povos originários contra as políticas que lhes afetam que foi organizada a 18º edição do Acampamento Terra Livre (ATL), realizado na primeira quinzena de abril (04 a 14/04), onde mais de 8.000 indígenas de diferentes povos e regiões do Brasil acamparam na Esplanada dos Ministérios em Brasília, realizando reuniões com autoridades, atos políticos, plenárias de discussão e apresentações culturais.

Segundo o Censo do IBGE, ainda de 2010, a população indígena no Rio Grande do Sul é de aproximadas 33 mil pessoas. A Emater/RS-Ascar calcula que vivam 7.500 famílias em 153 aldeias no RS. De acordo com o site da Instituição (https://bit.ly/3rw4i5F), “na atuação de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) junto aos povos e às comunidades tradicionais deve estar sempre presente a consciência de que a terra é vínculo essencial dessas comunidades, no sentido da continuidade de sua organização social, embasada em sua ancestralidade e memória cultural, que permitem a reprodução de suas especificidades quanto à maneira de viver e de produzir bens indispensáveis à garantia de sua autonomia e sustentabilidade enquanto grupos sociais”.

Participaram da reportagem a jornalista Carine Massierer, da Regional da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, o cinegrafista José Carlos Cabral e o estagiário Theo Pagot Comissoli.

 

 

Foto: Theo Pagot Comissoli, estagiário da Gerência de Comunicação da Emater/RS-Ascar

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar

Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues

Estagiário Theo Pagot Comissoli

 

 

 

 

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