INFLUENZA AVIÁRIA NO HEMISFÉRIO NORTE ACENDE ALERTA

SETOR DE PROTEÍNA ANIMAL INTENSIFICA CUIDADOS PREVENTIVOS PARA MANTER O PAÍS LIVRE DA DOENÇA

Único entre os grandes produtores mundiais a nunca registrar Influenza Aviária no território, o Brasil acendeu um alerta com os recentes registros da enfermidade em diversos países do Hemisfério Norte, como Estados Unidos e países da União Europeia. Por este motivo, a ABPA iniciou recentemente uma mobilização setorial, em uma campanha com o objetivo de reforçar os cuidados sanitários nas propriedades avícolas de todo o país.

Uma das primeiras ações foi feita juntamente com o Família Integrada – iniciativa conjunta da ABPA e associados para a realização de cursos para produtores de todo o Brasil. Uma aula online focada em práticas para preservar a biosseguridade das propriedades rurais, tanto para aves quanto para suínos foi realizada. Novas aulas estão no radar.

 

Além da ação com o Família Integrada, a ABPA, aliada aos associados, reforçou campanhas internas de conscientização em relação à proibição de visitas de pessoas externas à propriedade, entre outras. A campanha está em curso nas redes sociais da ABPA e na comunicação interna das agroindústrias associadas. Em outra linha de ação, protocolos de biosseguridade foram atualizados e redistribuídos para as equipes técnicas das agroindústrias do setor. Os protocolos são públicos e estão disponíveis no site da ABPA.

As ações são coordenadas pela diretora técnica da ABPA, Sulivan Alves. Doutora pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, ela realiza trabalho semelhante ao realizado no ano passado em relação à Peste Suína Africana (PSA). “Assim como fazemos para preservar o status do Brasil livre da PSA, o engajamento de todos é fundamental para mantermos a mesma condição com relação à influenza aviária,” comenta a gestora.

 

Pergunta: O que a ABPA tem feito para conscientizar produtores sobre a doença?

Sula Alves: Temos o compromisso de fazer um processo de conscientização, relembrando os cuidados que já são aplicados pelos estabelecimentos nas práticas diárias. Nós temos reforçado o alerta com esses cuidados, pois temos visto a quantidade de ocorrências de influenza aviária em vários países produtores, que têm sofrido bastante. Isso leva a perdas produtivas, de mercado — e temos que zelar para que não chegue por aqui.

 

P: Que cuidados mais básicos o produtor deve ter?

SA: Primeiro de tudo é o isolamento da propriedade, evitando a entrada de pessoas que não fazem parte do processo produtivo, além de prevenir o ingresso de animais silvestres. Outro ponto muito simples é a troca de calçados para acessar áreas dos galpões. São coisas muito básicas que evitam não só a influenza aviária, mas também qualquer outra doença que possa ser trazida pelas pessoas ou animais. A higienização de mãos, práticas que temos até agora com a pandemia, se aplicam nas práticas com os animais no dia a dia.

 

P: Onde o produtor pode buscar mais informações?

SA: Temos em nosso site uma série de vídeos e informações muito simples que podem ser utilizadas pelos produtores para instruir seu pessoal, quem atua nas granjas. São materiais fáceis, dinâmicos, educativos para relembrar a importância das boas práticas que já fazem parte do dia a dia e não podem ser ignoradas, especialmente neste momento.

 

P: A questão sanitária é fundamental para manter os mercados?

SA: Sem dúvida, para nosso próprio mercado, mas também porque a ocorrência de uma doença como a Influenza Aviária pode impedir o comércio internacional. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango. E, sempre falamos: uma doença como essa pode afetar a totalidade das nossas exportações, podemos ser proibidos de exportar e isso fica retido no mercado interno, gerando desbalanceamento do nosso comércio.

 

P: Muitos países hoje estão proibidos de exportar devido à doença?

SA: Sim, países da Europa, da Ásia, até na própria América do Norte. Quando ocorre, dependendo do acordo do país com os importadores, todo o país é proibido de exportar, ou parte do país e a região afetada, além de terem de sacrificar os animais.

 

 

Sula Alves é diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal

 

 

(Foto: Divulgação/ABPA)                            

Paulo Roberto D'Agustini

 

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