JAVALIS INVADEM AS CIDADES: DEPUTADO PAPARICO BACCHI CONDUZ AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA COMBATER A ESPÉCIE NO RS

A LEGISLAÇÃO FEDERAL É O PRINCIPAL ENTRAVE NA LUTA CONTRA A ESPÉCIE EXÓTICA INVASORA

Os prejuízos causados pela espécie exótica invasora, javali (Sus scrofa), nas propriedades rurais gaúchas e a legislação que controla os mecanismos para aquisição de armas de fogo e a atividade de tiro e caça no RS, foram pautas debatidas na audiência pública proposta pelo deputado Paparico Bacchi (PL), junto à Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da ALRS, com o tema “Prevenção, Controle e Monitoramento de javalis (Sus scrofa) no Rio Grande do Sul”, realizada na sexta-feira (6), na Câmara de Vereadores de Vacaria.

O javali está devastando as propriedades dos produtores rurais do RS. O invasor ataca filhotes de ovelhas, novilhos, capivaras e mais uma gama de espécies da biodiversidade gaúcha. Ele acaba com os animais que dão sustento às famílias de pequenos agricultores. O depredador não tem limites e a atual situação da legislação federal cria um impasse aos agricultores, que contam com os manejadores e controladores (caçadores autorizados) para auxiliar nos abates das espécies invasoras nas propriedades rurais.

Com o intuito de solucionar o problema e encontrar estratégias e iniciativas, que simplifiquem a legislação para controle da espécie exótica invasora e angariar providências, o deputado Paparico Bacchi, ouviu agricultores, manejadores, órgãos públicos, representantes de entidades e associações de atividade agrícola e de tiro e caça, além da comunidade em geral.

Participaram da mesa da auditoria pública, o vice-prefeito de Vacaria, Marcelo Dondé, o diretor municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Airton Bessegato, o vereador Mauro Deluchi Schuler (PSB), o vereador Pingo Rezende (PP), o comandante do 3° Batalhão de Polícia Ambiental da Brigada Militar de Vacaria, 2° Sarg. Jean Piardi Andreatta, e o coordenador do movimento Proarmas (Campos de Cima da Serra), Diego Damasceno da Costa. Além disso, também participaram da mesa, de forma remota (online), o presidente da Associação de Controle da Fauna e Espécies Exóticas do RS, Gilmar Bach, o coordenador técnico de Agricultura e Turismo da Famurs, Mario Nascimento, e a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (SEAPI), Rosane Collares Moraes.

O deputado Paparico Bacchi deu início à audiência pública reproduzindo um vídeo com um complicado de reportagens sobre o javali. Em seguida, o proponente explanou sobre os problemas da expansão do javali no RS, falando sobre a destruição das nascentes de rios, dos ataques às espécies domésticas das propriedades rurais e demais problemas sanitários que a espécie está acarretando, como transmissor de doenças, inclusive em humanos.

O vice-prefeito de Vacaria, Marcelo Dondé, alertou para as alternativas de solução do entrave: "Nós temos que contemplar todas as possibilidades, pois a produção agrícola é a primeira vítima do javali. É preciso termos agilidade, mas se não tivermos rapidez, vamos arcar com as consequências", explicou Marcelo.

Segundo Mauro Shuler, o javali é uma espécie de fácil reprodução e isso facilita sua expansão no estado e acrescentou: "Os manejadores também enfrentam o problema dos custos com a licença de saúde dos cães de caça. A cada seis meses o documento tem de ser renovado ou a cada caçada, se tornando inviável aos caçadores", falou o vereador.

O representante do movimento Proarmas, Diego da Costa, relatou sobre os prejuízos do invasor nas lavouras, o problema sanitário, a extinção de espécies nativas e da situação burocrática em que se encontra a atividade de tiro e caça no RS.

O vereador Pingo foi mais incisivo e ressaltou que o Governo Federal está impondo questões políticas e isso está causando inúmeros problemas na luta contra o javali.

O presidente da Associação de Controle da Fauna e Espécies Exóticas do RS, Gilmar Bach, relata que no Brasil existem 45 mil controladores e um milhar de CACs (Concessão de Certificado de Registro para pessoa física para realizar atividades de Colecionamento de armas de fogo, Tiro Desportivo e Caça), então a proporção é muito pequena em relação ao animal.

O coordenador técnico de Agricultura e Turismo da Famurs, Mario Nascimento, disse: "Nós precisamos ter mais autonomia para combater este animal, numa proporção geométrica. É o único meio para conseguir abater esta praga, por isso nossa posição é favorável à ampliação da caça", falou Nascimento.

A diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal do RS, Rosane Collares, explica que por meio dos controladores, conseguem monitorar os javalis. A questão das nascentes já está na pauta do Governo Estadual para formar um documento a ser enviado ao Governo Federal.

Para o Sargento Jean, informou que a função da polícia ambiental é garantir a atividade de maneira controlada e legal. Explica ainda que, a otimização das atividades como aumento de manejadores e abatendo filhotes de javali, são bons exemplos de melhoria.

O representante do deputado estadual Capitão Martim, Patrick, apontou motivos para a dificuldade de combate à espécie exótica invasora: "O gabinete do deputado Capitão Martim está 100% alinhado com a pauta do javali. Hoje, o Brasil vive um cenário de destruição e vingança política", reforçou o assessor.

O deputado Paparico Bacchi também mencionou o apoio do deputado estadual Carlos Búrigo (MDB), por SMS, à causa de controle do javali e, em seguida, o parlamentar abriu espaço para os questionamentos do público presente na audiência.

 

Encaminhamentos da Audiência Pública

O deputado Paparico Bacchi anunciou as providências a serem tomadas para combater o javali no RS: "Com base na gravidade das doenças do javali, podendo ser inserida na cadeia produtiva da suinocultura, sugiro que criemos uma lei ou um projeto de engenharia nos municípios do RS, que disponibilize a construção de gaiolas e a aquisição de equipamentos para auxiliar os agricultores e caçadores nas suas propriedades para capturar os javalis. O projeto pode funcionar com aporte das secretarias de Agricultura de cada município, subsidiado pelo Governo estadual. Hoje nós temos duas vias, o apoio aos CACs, aos clubes de caçadores, com suporte financeiro e o treinamento para o produtor rural utilizar a gaiola de captura de javali”, relatou o parlamentar.

Mauro Schuler sugeriu uma alternativa para redução de custos com cachorros de caça: “Quero solicitar às associações de caçadores legalizadas que façam um vínculo com a Prefeitura de Vacaria, para que o Executivo Municipal disponibilize o veterinário do quadro para fornecer os atestados de saúde dos caninos. Vou articular o convênio junto ao Município”, falou Mauro.

O deputado falou sobre o ressarcimento dos danos dos produtores: “Já temos o seguro agrícola por estiagem, por excesso de chuvas, mas penso que deva ser incluído no seguro agrícola também os prejuízos causados pelos javalis”, complementou.

Carlos Roberto, agrônomo local, reforça o trabalho de monitoramento documental da espécie: “Outra iniciativa é a catálogo dos danos, sendo que cada produtor fica responsável por reunir casos, fotos, vídeos, relatos, dados estatísticos para subsidiar as demandas contra o javali e, posteriormente, encaminhá-las junto ao gabinete do deputado Paparico”, contribuiu Roberto.

Paparico finalizou a audiência pública relatando seu sentimento na ocasião: “Saibam que hoje saio daqui mais carregado, mas carregado de compromissos com cada um de vocês. Que Deus cuide da Vacaria, de cada um e que cuide das famílias”, concluiu Paparico Bacchi.

 

 

Texto e foto: Câmara de Vereadores de Vacaria

Fábio Gonçalves – jornalista (MTE 21306)

 

 

 

 

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